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Museu de Arte Sacra inaugura duas novas exposições!

O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS-SP inaugura sua tradicional mostra de presépios, este ano composta por duas exposições simultâneas. “È Nato Gesù” entra em cartaz no espaço do MAS-SP e apresenta o trabalho do presepista italiano Ulderico Pinfildi por meio de um vídeo, de peças que compõem as cenas mais importantes dos presépios napolitanos, e da exibição de projeção 3D, em tamanho real, do Presepe Cuciniello del Museo di San Martino.

Museu de Arte Sacra Presépios
Museu de Arte Sacra Presépios
Museu de Arte Sacra Presépios
Museu de Arte Sacra Presépios
Museu de Arte Sacra Presépios
Museu de Arte Sacra Presépios
Museu de Arte Sacra Presépios

Em “È Nato Gesù”, o público visitante passa a conhecer o minucioso trabalho de Ulderico Pinfildi. Criado ao redor do ateliê de seu pai, ceramista, mestre em cerâmica esmaltada, aprendeu desde cedo o ofício da faiança e da cerâmica, o que lhe foi extremamente útil quando se viu apaixonado pela arte dos presépios.

Para a exposição, Ulderico Pinfildi apresenta um vídeo que trata das várias fases de realização de suas peças, contextualizando personagens e origens. Em seguida, o espectador é levado a um percurso que exibe as principais cenas do presépio napolitano – Annuncio Alla Madonna, Annuncio Al Pastori, Pastori In Cammino, Gruppo Delle Procidane, Gruppo Delle Calabresi, Gruppo Di Famiglia Con La Giumenta, Pastori Con Doni e Mestieri, Tarantella, More Nobili, Suonatori Orientali, Re Magi Di Cui Uno a Cavallo, Gloria Degli Angeli e La Natività -, em meio às figuras criadas pelo artista conforme técnicas operacionais dos artesãos do século XVIII. Tais figuras, ou “pastores”, são produzidas com diversos materiais: “a cabeça é feita de terracota, os olhos são de vidro e se aplicam com estuques, e finalmente, mãos e pés são geralmente de madeira. Para pintá-los usam-se pigmentos e cores que se referem a esses diferentes materiais. Antigamente utilizavam-se os óleos, ou outros tipos de pigmentos com cola. Atualmente utilizo os acrílicos (…)”, explica o artista.

“Ao visitar os museus e, principalmente, o Museu de San Martino, nasceu essa admiração por essas figuras fascinantes. Os meus estudos se tornaram cada vez mais sérios e profundos: tive que estudar anatomia, primeiramente a do rosto, depois a do corpo inteiro, que me permitiu realizar figuras inteiras, nuas, que na nossa área chamam-se ‘academia’, e esculturas também de grandes dimensões.”

Ulderico Pinfildi

Ulderico Pinfildi ainda destaca a importância do vestuário desses “pastores”, uma vez que o presépio napolitano é único no seu gênero e desenvolveu-se nos tempos dos Bourbons, no Reino das Duas Sicílias. “Por esse motivo, os trajes dos pastores são os trajes que eram realmente usados pelo povo do Reino. Eu realizo um trabalho de profunda pesquisa iconográfica para reproduzir aquele gênero de trajes, porque nas várias áreas de Nápoles e redondezas da cidade, eram usados trajes diferentes. Por exemplo, a ‘procidana’, isto é, o habitante de Prócida vestia um riquíssimo traje de origem grega; em Ischia, por outro lado, usava-se outro tipo de traje; em Santa Lucia, uma zona de Nápoles perto do mar, havia a ‘Luciana’, que usava outro tipo de traje; nas zonas internas, a mulher usava um tipo de vestido mais diferente ainda. Portanto, o presépio é rico dessas figuras diferentes”. Em suas figuras, os trajes são confeccionados por meio das mesmas técnicas utilizadas antigamente, feitos à mão e com uso de sedas.

Por fim, em “È Nato Gesù”, o visitante pode conferir a projeção 3D do Presepe Cuciniello del Museo di San Martino, que tem como característica principal o movimento.

“A sua criação está sempre in fieri (em andamento), pois é uma prerrogativa de quem organiza o presépio compor como preferir as cenas, mudar de lugar animais e objetos de acordo com a necessidade, vestir as estátuas (sejam elas humanas ou angelicais) e colocá-las nas posições mais variadas, iluminar ou colocar, mais sombra, tudo com o objetivo de condicionar as sensações de quem olha. Ao espectador cabe participar e se emocionar com esse jogo, mais mental do que manual, cujo objetivo é o de criar com as próprias mãos uma realidade inexistente.”

Ileana Creazzo
Curadora da Seção do Presépio do MAS-SP

Já a mostra “Os Artesãos e seus Presépios II” apresenta, na Sala MAS-Metrô Tiradentes, o trabalho de 15 artistas paulistas selecionados por meio de edital da SUTACO – Subsecretaria do Trabalho Artesanal nas Comunidades. Nesta mostra, o visitante pode contemplar peças em técnicas de modelagem, pintura, esmaltação e queima, marcenaria, escultura em madeira, com reutilização de resíduos têxteis, trançado e tingimento em palha de milho, reciclagem de papel e torção em metal. Nos dizeres de Marlene Augusta dos Santos, subsecretária substituta da SUTACO: “Essa exposição tem como objetivo mostrar como os artesãos paulistas homenageiam a chegada do Menino Jesus com figuras tradicionais e também de forma inovadora, difundindo a cultura popular”.

Onde fica?


Museu de Arte Sacra promove mostra fotográfica sobre o Círio de Nazaré

O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS-SP, instituição da Secretaria da Cultura do Estado, apresenta a partir do dia 29/6 a exposição “Guarda o Círio de Nazaré”, com imagens produzidas pela fotógrafa Soraya Montanheiro que retratam a maior celebração religiosa brasileira.

Celebrado anualmente no segundo domingo no mês de outubro, o Círio de Nazaré reúne mais de 2 milhões de pessoas em Belém numa série de procissões e celebrações em devoção a Nossa Senhora de Nazaré. Desde 2013, a festa é considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.

Na mostra estarão 45 fotografias realizadas a partir de 2013 que retratam fiéis envolvidos na liturgia que aproxima duas imagens da santa: a Imagem Original, encontrada num igarapé da capital paraense, segundo a tradição, e a Imagem Peregrina, confeccionada no final dos anos 1960 pelo escultor italiano Giacomo Vincenzo Mussner. Na abertura da exposição, será lançado o livro homônimo, com o trabalho completo desenvolvido pela fotógrafa.

Soraya conta que sua atração vai além da fé. Desde sua primeira participação no evento, ela ficou fascinada pela Guarda do Círio, responsável pela proteção da imagem. “São 2 mil voluntários, que acompanham a Imagem e trabalham por dias consecutivos durante os festejos. O objetivo do meu trabalho é o registro e pesquisa da atividade desses homens”, explica.

A fotógrafa acompanhou viagens da Imagem Peregrina por todo o país, do Rio de Janeiro e de São José do Rio Preto, no interior paulista, até outras localidades no Pará, como Porto Trombetas, Juriti Velho, Óbidos, Santarém e Oriximiná.

“Estas fotografias nos trazem a certeza na percepção de que a manifestação perene dos devotos, expressa no culto a Nossa Senhora de Nazaré, nos conduz ao pensamento mais complexo e duradouro da fé cristã no Ocidente”, explica Juan Esteves, curador da exposição.

Visite

Museu de Arte Sacra inaugura exposição sobre uso do marfim

“Sagrado Marfim” – Museu de Arte Sacra

Sob a curadoria de Jorge Lúzio e Maria Inês Lopes Coutinho, o Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS/SP) inaugura, no dia 27/5, a exposição “Sagrado Marfim: O Avesso do Avesso”. São mais de 53 peças do acervo do museu que tem o objetivo de repensar o uso do marfim nas obras de arte e em seus desdobramentos iconográficos. A exposição remonta à antiguidade, às artes africanas e asiática e aos objetos artísticos e litúrgicos na Europa medieval e moderna.

Exemplares dos séculos XVII, XVIII e XIX, as obras de arte têm diversos tamanhos e são raridades. A proposta do MAS/SP foi planejada com o intuito de estimular diálogos multidisciplinares com a História Social da Arte, a Antropologia, a Museologia, os Estudos Afro-asiáticos, a História Ambiental, o Patrimônio e a Arte Sacra.

“Segundo o Antigo Testamento, o Rei Salomão mandava trazer marfim de Társis, nas rotas do Oriente. Fídias, o incomparável artista grego, utilizou marfim em uma das mais importantes estátuas da Grécia Antiga, a Atena Pártenos, para homenagear a deusa no Partenon”, afirma José Carlos Marçal de Barros, diretor executivo do MAS/SP.

Barros também ressalta Demetre Chiparus. “E em tempos mais recentes, o magnífico Demetre Chiparus utilizava metal e marfim em suas estatuetas indiscutivelmente belas. As obras mais afamadas são as chamadas criselefantinas em bronze e marfim. Tão rica e antiga é a utilização do marfim em obras de arte que uma exposição que pretendesse apresentar a sua história seria praticamente impossível”.

O marfim configura uma categoria histórica milenar nas relações entre as metrópoles com suas colônias desde a antiguidade na África e na Ásia, até sua circulação na Europa. O entalhe em dentes de mamíferos, por exemplo, tem origem remota e é associado à ancestralidade das culturas que confeccionavam objetos para inúmeros fins.

“Nas rotas que interligavam reinos e entrepostos no continente africano, ou entre os circuitos de mercantilismo que integravam o Mediterrâneo ao Índico, sempre esteve o marfim como item dos mais apreciados e valiosos, por possibilitar uma incomparável plasticidade e um efeito visual cuja precisão nas formas e nas linhas resultavam numa expressividade de imagens e reproduções jamais obtidas noutra matéria prima”, esclarece o curador Jorge Lúzio.

O antagonismo da arte em marfim possui uma sofisticação visual inigualável e reside no debate ambiental, repensando como a ordem global e os sistemas econômicos se apropriaram das tradições. Esse foi um processo de mercantilização dos recursos naturais e de banalização da vida. Isso porque chegou ao século XX com uma demanda e um consumo de objetos em marfim no limite da sobrevivência dos animais.

“Assim, a exposição apresenta, entre  suas contribuições, a oportunidade de, ao observar raríssimas esculturas e obras de incontestável importância do patrimônio colonial, relembrar que entre as funções da Arte está o despertar da consciência histórica, para que o sentido de preservação de todas as formas de vida, dos legados históricos e da memória possam contribuir na produção de conhecimento e na promoção da cultura, sensível a aprender com o passado, e sobretudo, comprometida com os desafios do tempo presente”, conclui Jorge Lúzio.

Mais sobre o assunto, nas palavras de Maria Inês Lopes Coutinho: “A palavra marfim tem sua procedência provável do árabe, casmal-fif, sendo fif: elefante e casm: osso, significando osso de elefante. A organização social dos elefantes é um matriarcado. Os machos jovens andam em bandos de solteiros e os velhos vivem solitários em locais onde há água e comida. São muito sensíveis. A gestação dura 22 meses; quando nascem, pesam 100 quilos; medem um metro de altura; o coração pesa 25 quilos e mamam dez litros de leite por dia. Provêm da África, Ásia e Filipinas. A função da presa é de buscar alimentação, sal e água, escavar em busca de minerais necessários a sua sustentação e defesa contra eventuais ataques, além de manter a sua identidade dentro da manada. Em sua composição há fosfato de cal, de magnésio, carbonato de cálcio e fluoreto de cálcio. A temperatura ideal de conservação é 18 graus C e 60% de umidade relativa”.