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MAB celebra o Dia da Consciência Negra unindo a Memória e a Contemporaneidade

Uma homenagem aos 150 anos do Padre José Maurício – primeiro maestro negro de nossa história – e o lançamento de um documentário que destaca o lugar da mulher negra na contemporaneidade marcam as celebrações do Museu Afro Brasil

O Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo em parceria com a Associação Museu Afro Brasil – organização social de cultura, celebra o Dia da Consciência Negra na segunda-feira, 20 de novembro de 2017 – a partir das 11h00, com programação cultural que envolve artes visuais e música, além de outras atividades educativas que serão realizadas durante todo o mês. Nesta segunda-feira (20), excepcionalmente o Museu Afro Brasil abre suas portas, com entrada gratuita, para celebrar a data com uma programação que une a Memória e a Contemporaneidade.

Ciro Schu

O dia começa com a inauguração de uma instalação do artista plástico paulistano, Ciro Schu, que participa das realizações do Museu Afro Brasil há muitos anos. Ciro foi um dos artistas convidados da inédita exposição “Território Ocupado” realizada em 2006. O artista desenvolve arte abstrata e ao mesmo tempo figurativa, mesclando símbolos e grafias diversas, misturando arte milenar com a vida contemporânea. Sua estética, ao mesmo tempo em que impacta, encanta. Faz a imaginação viajar e apresenta uma arte de caráter polissêmico.

Para este Dia da Consciência Negra, Ciro prepara uma instalação chamada “Más-caras”, que ocupará a área externa do museu. Como observa o próprio artista: “Máscaras têm uma importância ritualística muito grande entre povos tradicionais. As razões e motivações para o seu uso podem ser múltiplas. Ao ocultarem determinada identidade, as máscaras fazem a representação de aspectos e realidades novas e diferentes. Apontam e revelam uma outra identidade, representada ou a ser revelada” e complementa: “Nesta instalação, as máscaras traduzem um grito, um clamor de uma sociedade asfixiada pelo consumo desmesurado de bens.  Os despojos da sociedade consumista recebem uma representação na forma de máscaras amplificadas. Elas denunciam uma cultura consumista que ameaça o futuro da humanidade. Bradam contra uma modernidade liquidadora de seres humanos, reduzidos ao papel de meros consumidores. E as vítimas maiores desta cultura necrófila são precisamente os povos tradicionais, tratados de forma discriminatória pela sociedade”.

Madrigal Pe. José Maurício

Ainda pela manhã haverá uma homenagem aos 150 anos do compositor Padre José Maurício, primeiro maestro negro da história do nosso país, com a apresentação, às 11h00, do Madrigal Pe. José Maurício interpretando a “Missa em Fá para Nossa Senhora” e o “Te Deum para as Matinas da Conceição”.

O Madrigal Pe. José Maurício foi fundado, em 2016, por um grupo de cantores, instrumentistas e regentes, pela iniciativa do organista Bruno Tadeu, do qual é regente e diretor artístico e musical. O grupo já se apresentou no SESC, na UNESP (Universidade Estadual Paulista) e na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), entre outros, com convites para se apresentar no Pátio do Colégio e em Igrejas e Catedrais, como a de Santo Amaro.

Bruno acredita na importância de apresentar um compositor brasileiro que, segundo grandes musicólogos e maestros, em nada deve a Mozart. E complementa: “É fundamental que as pessoas tomem consciência disso e construam a ideia de que apenas alemães e italianos sabiam fazer música no período, sendo o Padre José Maurício nosso maior exemplo até então, influenciando gerações posteriores a ele”.

José Maurício Nunes Garcia, padre católico, maestro, instrumentista e compositor, nasceu em 22 de setembro, descendente de escravos. Mesmo pobre, recebeu uma educação sólida, tanto na música quanto em Letras e Humanidades. Suas qualificações, reveladas muito cedo, fizeram a sociedade escravocrata atenuar as grandes restrições de acesso a posições de prestígio que eram colocadas contra os negros. Ainda assim, não o livraram do preconceito.

Com a chegada de D. João VI ao Brasil, o padre José Maurício foi nomeado Mestre de Capela de Sua Alteza, na Capella Real. Entretanto, em uma sociedade marcada pelo preconceito, era claro o descaso e a violência contra o brasileiro, pelo simples fato de ser negro. Em 1811, com a chegada do preferido compositor, Marcos Portugal, seu papel fica cada vez mais diminuído e assim, o maior compositor das Américas de seu tempo – um dos maiores autores de todas as épocas – chega à miséria, tendo que passar e engomar roupas para poder auxiliar no sustento de casa até seu falecimento.

“Nega que é nega não nega ser nega não!”

Na parte da tarde, a programação será no Teatro Ruth de Souza do Museu Afro Brasil.

A partir das 15h00, Fabio Nunez, cantor, compositor e diretor de “Nega que é nega não nega ser nega não!” exibe o documentário e lança um videoclipe de mesmo nome, abrindo um debate com o público e as protagonistas do elenco, entre elas estarão presentes Vera Eunice (filha da escritora Carolina Maria de Jesus, que dá nome à biblioteca do Museu Afro Brasil) e a ex-consulesa da França, Alexandra Loras.

Fabio ressalta que, “numa sociedade machista e racista onde as mulheres negras são oprimidas e discriminadas, ‘Nega que é nega não nega ser nega não!’, aponta para o protagonismo, a pluralidade e a força do universo negro feminino. Mulheres que são referência para futuras gerações, grandes exemplos de resistência e luta contra os persistentes processos de exclusão” e enfatiza, sobre o documentário: “A mulher negra comumente é tema de muitas pesquisas e estudos, debates em fóruns e assunto presente na mídia. E, na maioria das situações, a mesa debatedora é formada integralmente por outras etnias que discutem, em terceira pessoa, a definição da mulher negra e seu papel na sociedade, seus sentimentos e dramas pessoais, sua relação com o trabalho, a cultura que a envolve etc…, reforçando, assim, estereótipos e criando novos padrões. O filme-documentário ‘Nega que é nega não nega ser nega não!’, ao invés de falar da mulher negra, permite que a própria se apresente demonstrando o reconhecimento quanto à capacidade intelectual da mulher negra, seu poder de observância, criticidade e percepção do papel e momento social que exerce no qual está inserida.”

Coral Jovem do Estado

No dia anterior à data, 19 de novembro, o Museu Afro Brasil recebe, em sua marquise, como parte das celebrações do Dia da Consciência Negra, o Coral Jovem do Estado (Projeto Guri Santa Marcelina), que apresenta o programa “São Paulo Maputo Salvador”, trazendo um olhar sobre a conexão musical entre o Brasil e a África por meio da produção de jovens compositores populares que vêm explorando a fundo a tradição e as novas possibilidades da música afro-brasileira, sob regência de Tiago Pinheiro e Lenna Bahule.

SERVIÇO:

Marquise do Museu Afro Brasil

Apresentação do Coral Jovem do Estado (Projeto Guri Santa Marcelina)

Programação:

Na Marquise do Museu Afro Brasil:

10h00 – Inauguração da instalação do artista Ciro Schu.

Nas dependências do Museu Afro Brasil:

11h00 – Apresentação do “Madrigal Pe. José Maurício” com o organista Bruno Tadeu.

No Teatro Ruth de Souza:

15h00 – Exibição do documentário “Nega Que é Nega Não Nega Ser Nega Não!”

16h30 – Lançamento do videoclipe “Nega Que é Nega Não Nega Ser Nega Não!”

16h40 – Debate do público com as protagonistas do elenco juntamente com o diretor e músico Fabio Nunez.

Museu Afro Brasil

Av. Pedro Álvares Cabral, s/n

Parque Ibirapuera – Portão 10

São Paulo / SP – 04094 050

Fone: 55 11 3320-8900

www.museuafrobrasil.org.br

Entrada R$ 6,00 | Meia entrada R$ 3,00 | Gratuito aos sábados

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