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Governo do Estado presenteia São Paulo com novo espaço inteiramente dedicado à arte contemporânea

Museu, que celebra 50 anos, ganha primeira sede definitiva em casarão histórico de Higienópolis; entrada é gratuita

O Paço das Artes, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado, abre as portas de sua primeira sede definitiva no dia 25 de janeiro, Aniversário de São Paulo. Localizado no histórico Casarão Nhonhô Magalhães (entrada pela Rua Albuquerque Lins, 1331), o espaço estará aberto à visitação a partir das 14h, com entrada gratuita.

“São Paulo ganha mais um espaço cultural de alta qualidade, voltado para a arte contemporânea e focado na ampliação do acesso à cultura”, explica o Secretário Sérgio Sá Leitão.

O Paço das Artes, que reunirá artes plásticas, artes visuais e multimídia, será o primeiro museu do Estado dedicado exclusivamente à arte contemporânea, digital e de obras reprodutíveis.

Em 50 anos de história, o museu cumpre, além do seu papel de espaço expositivo, atuação no fomento à produção, reflexão e memória da arte, sendo considerado a principal incubadora de novos talentos e um celeiro para a cena da jovem arte contemporânea brasileira.

Ao longo de sua história, o Paço das Artes passou por sete diferentes endereços temporários, e, antes da sede definitiva, funcionava em um espaço no Museu da Imagem e do Som – MIS. Para abrigar o Paço, a antiga garagem do Casarão de Higienópolis passou por reforma assinada pelo arquiteto Álvaro Razuk, com duração de quatro meses, que criou um espaço de ambiente contemporâneo dentro do histórico imóvel tombado.

Além de sede, o Paço das Artes recebe agora as cinco primeiras obras do acervo da instituição, doadas pela artista Regina Silveira, que assina a exposição de inauguração “Limiares”.

O imóvel de 1937 foi comprado pelo Shopping Pátio Higienópolis. No edital de venda, o Estado de São Paulo incluiu cláusula de cessão de uso determinando que parte do casarão (537 m2) seja obrigatoriamente dedicado à Cultura por 20 anos, renovável por outros 20.

“O Governo do Estado está trabalhando duro para valorizar a arte, a cultura e a economia criativa em todas as regiões de São Paulo, elevando o investimento e elencando o alcance”. O Secretário Sérgio Sá Leitão destaca também que é o segundo espaço cultural criado pela gestão João Doria, após o MIS Experience, inaugurado em novembro de 2019. 

Histórico

Em seus quase 50 anos de história, o Paço das Artes teve sua trajetória marcada por dar voz e espaço à arte contemporânea por meio de exposições com obras de artistas relevantes como Marina Abramovic, Pipillot Rist, Bill Viola, Francis Bacon, Carmela Gross, Cildo Meirelles e Charly Nijensohn. Desde 1970, a instituição vem fomentando a produção, reflexão e memória da arte em atuações também com foco nas produções não legitimadas pelo circuito oficial, oferecendo subsídios para artistas, críticos e curadores, por meio de programas de fomento como a Temporada de Projetos e a retomada da Residência Artística que, a partir de 2020, será internacional. Além disso, promove acessibilidade cultural de públicos em situação de vulnerabilidade social por meio do Paço Comunidade e o Seminário Internacional, que oferece mesas-redondas com temas pertinentes à arte contemporânea de forma gratuita.

Limiares – Exposição inédita de Regina Silveira  

Em sua exposição de inauguração, o Paço das Artes apresenta “Limiares”, mostra inédita da multifacetada artista Regina Silveira, uma das criadoras com maior presença na arte contemporânea brasileira. A exposição, com curadoria de Priscila Arantes, diretora da instituição, fica em cartaz de 25 de janeiro até 10 de maio, com entrada gratuita.

O título “Limiares” foi escolhido por Priscila Arantes não somente por conta da obra “Limiar”, presente na exposição, mas também pela simbologia do significado da palavra, que remete a ideias de começo, de estágios iniciais, como a ocasião da inauguração da nova e definitiva sede da instituição. Além disso, o processo de Regina Silveira muitas vezes apresenta características pensadas para o espaço onde as obras são alocadas, como no caso de “Dobra” e “Cascata”, trabalhos inéditos criados para o Paço das Artes. Ambas as obras se relacionam com a arquitetura do ambiente onde serão instaladas e problematizam as questões da perspectiva, dialogando diretamente com o novo espaço onde o Paço das Artes estará funcionando, explorando a potência deste local e todo o seu contexto territorial.

A escolha – também simbólica – por uma artista do sexo feminino faz parte de uma visão e estratégia curatorial que sempre considerou e contemplou a representatividade das mulheres no campo das artes. Desta forma, a opção pelo trabalho de Regina Silveira se dá naturalmente em função do histórico de seus projetos realizados na instituição, especialmente durante o longo período (de mais de duas décadas) em que o Paço das Artes esteve na USP.

Na obra “Dobra” a artista faz um resgate dos trabalhos que subvertem o sistema de perspectiva que realiza desde os anos 1980, quando, algumas vezes, utilizava imagens originadas a partir de fotografias como na série “Anamorfas” em que objetos cotidianos tomavam, se observados de certa altura ou determinados ângulos, novas formas ou redesenhavam suas imagens rompendo com a ideia de perspectiva linear renascentista. Em “Dobra”, por exemplo, é possível visualizar um banco de jardim na área externa do Paço, a partir de um certo  ponto de observação.

O trabalho “Cascata” é uma versão criada para o Paço das Artes, utilizando métodos já apresentados pela artista em outras obras como em “Lumem” no Palácio de Cristal, organizado pelo Museu Reina Sofia em Madri. Ali, explorava-se o universo das luzes e das sombras em diálogo com a luz natural e a transparência do palácio partindo das formas arquitetônicas reais e expondo seu conceito de distorção, assim como em “Clara Luz”, exibida no CCBB de São Paulo, onde ela abordou a questão da desconstrução, do real e do virtual. “Cascatas” apresenta a reprodução múltipla das janelas originais do prédio do novo imóvel onde o Paço das Artes está abrigado.

As videoinstalações “Limiar” e “Lunar”, além de integrarem a exposição, serão doadas ao Paço das Artes para inaugurar seu acervo, como mencionado anteriormente, o primeiro de arte contemporânea de São Paulo exclusivamente digital e de obras reprodutíveis. Assim, o Paço das Artes avança em sua missão de promover o diálogo entre o público e a arte contemporânea com o lançamento de seu acervo, integrando-o ao projeto MaPA, plataforma digital de arte contemporânea, que reúne todos os artistas, críticos, curadores e membros do júri que passaram pela Temporada de Projetos.

Em “Limiar”, a artista trabalha a questão plástica da luz, fascínio de vários artistas e bastante presente em seus projetos. Nela, a palavra “luz” é exibida em 76 idiomas, dilatando-se e virando luz, dando a ideia de pausa, de respiração, da vida que pulsa, do começo. E que, na visão da curadoria, faz alusão à nova vida do Paço das Artes naquele espaço. Já “Lunar” é uma espécie de balé de duas esferas, numa coreografia com luz e sombra, inserida num espaço básico e que brinca com as noções de percepção e perspectiva do observador.

Além de “Limiar” e “Lunar”, os visitantes poderão conferir, na exposição, as outras obras em vídeo doadas por Regina Silveira. São elas: “Campo” (1977), “A arte de desenhar” (1980) e “Morfa” (1981).

Casarão  

Tombado pela sua importância arquitetônica, ambiental e histórica, integra a chamada “Mancha Higienópolis”, que marca as construções erguidas nos anos de 1900 até a década de 30 na região. A casa começou a ser construída em 1927, por encomenda do “barão de café” Carlos Leoncio de Magalhães (o Nhonhô) e foi concluída em 1937. Carlos Leôncio era da região do Oeste Paulista e teria encomendado várias outras construções em São Paulo.

O palacete de Nhonhô Magalhães foi construído em um terreno arborizado e a casa compõe 2.500 m2 do total do terreno. A arquitetura tem estilo eclético, inspirado nas mansões francesas do século 19. No seu interior se destacam os lustres de ferro fundido, o piso de marchetaria e entalhes em jacarandá da Bahia.

Em 1952, houve um processo amigável de desapropriação, tendo sido vendida pela viúva de Nhonhô (Ernestina Reis Magalhães) para a Fazenda do Estado de São Paulo.  

 

 

 

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