13º Viagem Literária: Para Pedro Marques, a poesia é “uma das estrelas da cultura contemporânea”
Poeta, compositor, crítico e professor de literatura brasileira da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (Unifesp), Pedro Marques está entre os convidados a participar do primeiro módulo do 13º Viagem Literária, “Poesia: Oficinas e Bate-papos com Escritores”. Entre 9 e 27 de novembro, o autor e outros 14 poetas percorrerão 61 bibliotecas de 60 cidades, incluindo a capital paulista, ministrando oficinas e em conversas com o público. Confira o roteiro do escritor no serviço, ao fim do texto.
Promovido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado por meio do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de São Paulo (SisEB), o Viagem Literária é realizado pela Organização Social SP Leituras. O programa foi finalista do 62º Prêmio Jabuti, na categoria Fomento à Leitura, dentro do eixo Inovação.
Marques é também pós-doutor em Culturas e Identidades Brasileiras, mestre e doutor em Teoria e História Literária, bacharel e licenciado em Letras. Editor das revistas de poesia “Salamandra” (2001), “Camaleoa” (2002) e “Lagartixa” (2003) e dos sites Poesia à Mão e Crítica&Companhia. Autor dos livros de poesia “Olhos nos Olhos”, “Clusters” e “Cena Absurdo”, entre outras publicações. https://poesiaamao.com.br/que-quem/
A seguir, ele antecipa, em duas perguntas, um pouco de sua visão sobre a poesia:
Qual a importância da poesia na literatura contemporânea?
Do ponto de vista do mercado editorial, a poesia não pesa muito na balança, não é o seguimento que alavanca vendas ou campanhas publicitárias. Mas para além do livro de poemas como produto comercial, a poesia pulsa por todos os cantos. A poesia fala pela boca de qualquer um que cantarole uma canção popular, do rap ao samba. Em torno da poesia os jovens se reúnem para versar suas magoas em slams. Poetas, aos montes, oferecem seus livretos e cordéis, impressos às vezes artesanais, pelas praças e pelos pontos de ônibus do país. Assim, mesmo que hoje não haja nenhum poeta brasileiro com status de celebridade, algo como um Felipe Neto dos versos, a poesia como coletividade está vivíssima. A poesia em si, como arte da palavra ritmada na escrita e na oralidade, que perpassa idades, camadas sociais e diversificadas mídias é, sem dúvida, uma das estrelas da cultura contemporânea. E isso talvez seja um fenômeno da nossa época. Não temos grandes caciques poetas, como em outros períodos, mas temos milhares de tribos poéticas para reconhecer e respeitar.
Quais são os poemas que a gente deve ler para se iniciar nessa forma literária?
Em culturas marcadas pela oralidade, como a nossa, começamos ouvindo poemas. Seja porque os pais podem cantar e ler para as crianças. Seja porque, ainda antes de alfabetizados, escutamos canções e adivinhas recheadas de poesia. Seja, ainda, porque ouvimos mil aventuras ritmadas, brotando, inclusive, de bocas que nos beijam. Assim, reencontrar escrito todo esse legado, em princípio oral, costuma ser uma ótima (re)iniciação poética. Por exemplo, ler o texto de um cordel que já conhecemos o enredo de ouvir falar. Um encarte de um disco com canções que sabemos de cor. Depois, podemos partir para obras que desconhecemos, mas que estão próximas desse universo afetivo, tais como “Ou isto ou Aquilo”, de Cecília Meireles, ou “Cavalgando o arco-íris”, de Pedro Bandeira. Uma vez bem regadas essas sementes poéticas, em casa, na comunidade ou na escola, os novos leitores não terão medo de nenhuma cara feia poética. Poderão conversar com Vinícius de Moraes, Maria Lucia Alvim, Ricardo Aleixo, Mel Duarte e quem mais chegar. Toda poesia será um convite para o leitor bem cultivado!
Além de Pedro Marques, fazem parte do primeiro módulo do 13º Viagem Literária os escritores Allan da Rosa, Bruna Beber, Chacal, Daniel Minchoni, Dinha, Eliane Marques, Jonas Samaúma, Lubi Prates, Patrícia Meira, Renato Negrão, Rodrigo Ciríaco, Ronald Augusto, Ryane Leão e Wilberth Salgueiro.
O segundo módulo, “Contação de Histórias: Contos Populares”, que acontece de 1º a 19 de março de 2021, percorrerá circuito semelhante.
Desde que o Viagem Literária começou, em 2008, foram percorridos 218 municípios paulistas, com 207 convidados, atingindo a um total de mais de 340 mil pessoas. Foram bate-papos, oficinas, rodas de contação de histórias e outros eventos que fizeram conhecimento circular no Estado de São Paulo.
Confira o roteiro de Pedro Marques:
Oficinas às 14h30 | Bate-papos às 19h
16/11 – Mococa – Biblioteca Dr. Almeida Magalhães
17/11 – Santa Rita do Passa Quatro – Biblioteca Dr. Evandro Mesquita
18/11 – Santa Cruz das Palmeiras – Biblioteca Monteiro Lobato
19/11 – Espírito Santo do Pinhal – Biblioteca Thiago Henrique Tonon Salvi
A programação completa, com os artistas e grupos de artistas que fazem parte da etapa estão no site do programa: www.viagemliteraria.org.br.