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Vínculos fortes aproximando culturas

Em 2018, vamos comemorar os 110 anos da imigração japonesa para o Brasil. O primeiro grupo oficial de japoneses, com 65 famílias, chegou ao porto de Santos em 1908, a bordo do navio Kasato Maru. A data representa mais do que a concretização das relações diplomáticas entre nosso país e o Japão, estabelecidos ainda no século XIX. Desde a assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação, em 5 de novembro de 1895, iniciou-se um contato efetivo entre dois povos e culturas fundamentalmente diferentes, mas que estabeleceram vínculos muito fortes.

As fazendas do oeste paulista, com seus cafezais, receberam os primeiros japoneses. A imigração continuaria, ao longo do século XX, e a atuação nipônica, embora voltada principalmente ao setor agrícola, chegou também ao comércio, à indústria e aos serviços. Em São Paulo, a comunidade japonesa deixou sua marca em diversos municípios, como Registro, no Vale do Ribeira, onde foi implantada em 1912, a famosa KKKK (Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha), empresa de desenvolvimento industrial e rural que funcionava como entreposto cooperativo e auxiliava os imigrantes – à época, note-se, Registro ainda pertencia ao município de Iguape. Na cidade de São Paulo, o bairro da Liberdade, na região central, é hoje uma referência oriental não apenas para os paulistanos, mas para todos os brasileiros. É lá também que está o Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, mantido pela Bunkyo (Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social). E sabemos que a imigração japonesa não se concentrou apenas em São Paulo: chegou ao Paraná e, posteriormente, ao interior paraense, na Amazônia, e outras regiões do Brasil.

Superado o período de adaptação vivido pelos imigrantes pioneiros, aliado à barreira do idioma, e vencidas as grandes dificuldades surgidas com a II Guerra Mundial – quando os japoneses sofreram restrições e preconceitos por conta das posições diferentes de nossos países no campo de batalha –, dias melhores vieram e confirmou-se nossa disposição como um povo aberto a imigrantes. Mais de um século depois, a gastronomia japonesa é amplamente aceita no Brasil – presente mesmo em restaurantes não especializados – e observamos com muita satisfação a presença e integração cada vez maior dos nipo-brasileiros em nosso dia a dia. Nas artes, podemos destacar nomes em áreas como o cinema (Tizuka Yamazaki) e a música (Fernanda Takai). E é obrigatório citar a saudosa Tomie Ohtake (1913-2015), nascida no Japão e que se tornou um dos grandes nomes das artes plásticas brasileiras.

Hoje, somos o país com a maior população de origem nipônica fora do Japão: cerca de 1,5 milhão de pessoas. O Japão, por sua vez, acolhe cerca de 175 mil brasileiros, descendentes dos que originalmente vieram para cá e que, também por questões econômicas, agora fazem o fluxo migratório inverso para trabalhar no país asiático.

Aproveito a ocasião dos 110 anos da imigração japonesa para saudar toda a colônia nipo-brasileira e afirmar a importância da sua presença para nosso país e, em especial, para o Estado de São Paulo. Tenho a certeza de que esses vínculos se fortalecerão a cada dia, com uma troca profícua de conhecimentos e culturas, tornando o Brasil e o Japão ainda mais próximos.

José Luiz Penna é Secretário da Cultura do Estado

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