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#SonharOMundo: museus paulistas celebram o Dia Internacional dos Direitos Humanos

Em celebração ao Dia Internacional dos Direitos Humanos (10/12) e aos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, os Museus da Secretaria da Cultura do Estado se mobilizam pelo quarto ano consecutivo para realizar a ação Sonhar o Mundo. A ação, que recebeu, em 2018, o Selo Municipal de Direitos Humanos e Diversidade, ocorre de 10 a 16 de dezembro, com uma programação diversificada de oficinas, debates, palestras, exibição de filmes, saraus, jogos e apresentações artísticas, com o objetivo de estimular a reflexão sobre solidariedade e Direitos Humanos.

Este ano, participam da ação todos os museus da Secretaria da Cultura do Estado e o Memorial da Inclusão, da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, por meio de programação cultural e ações nas mídias sociais. Instituições de todo o estado também estão convidadas a participar.

Destaques

CAPITAL

O Museu da Imigração, durante toda a campanha, convida o público a visitar a exposição “Infância Refugiada”, composta por fotografias da brasileira Karine Garcêz que mostram crianças em situação de refúgio no Líbano, na Turquia e na Síria. Em todos os sábados e domingos de dezembro, acontecem visitas educativas à exposição “Crianças que Migram”, sobre a infância e os processos migratórios. Já no dia 15, às 14h, em parceria com o Memorial da Inclusão e o Museu da Diversidade Sexual, será realizada uma visita integrada pelas três instituições, com discussões sobre estereótipos, acessibilidade e espaço público. As vagas são limitadas e, para participar, é necessário realizar inscrição pelo email: inscricao@museudaimigracao.org.br

No Museu da Diversidade Sexual, dia 11, às 10h30, acontecem visitas educativas com os educadores sobre Direitos Humanos e sexualidade. No dia 12, às 18h, acontece o bate papo “Os Direitos LGBTs”, com os professores Renan Quinalha e Fabio Mariano, sobre os Direitos da Comunidade LGBT. No dia 15, 10h, o museu convida a todos para a atividade “Meus Direitos”, intervenção com os artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

O Museu Afro Brasil vai convidar o público para uma edição especial da contação de história “Aos Pés do Baobá”, com o tema “Sonhar (e Transformar) o Mundo” e roda de conversa, no dia 15 de dezembro, às 11h. Por meio da história, os participantes serão convidados a refletir a respeito dos 130 anos da Abolição da Escravidão no Brasil, os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e os 30 anos da Constituinte Brasileira. Para participar, é necessário realizar inscrição no site do Museu: https://www.museuafrobrasil.org.br

O Memorial da Resistência propõe visita à exposição de longa duração, voltada para o histórico do edifício e seus desdobramentos de controle, repressão e resistência, e às exposições temporárias, que apresentam argumentos extraídos da mostra de longa duração e são divididas em três vertentes: uma com base em pesquisas realizadas pela equipe do Memorial; uma relacionada à América Latina e ao Programa de Residência Artística; e uma desenvolvida de acordo com propostas externas. No dia 10, às 10h, realiza visitas espontâneas e mediadas à exposição temporária “Canto Geral: a luta pelos Direitos Humanos”, com atividades educativas ao final. No dia 12, às 11h, será a vez da visita à exposição “Ser Essa Terra: São Paulo, Cidade Indígena”, sobre a resistência indígena na cidade de São Paulo, com curadoria das comunidades que habitam a cidade e mediação de Daniel Kairóz e Marília Bonas.

No MIS – Museu da Imagem e do Som, no dia 10, às 14h, educadores irão apresentar seus projetos ou pesquisas sobre temas pertinentes ao atendimento de público em museus. No dia 13, às 10h, a mostra acessível a deficientes visuais “Cidade (In)acessível” vai expor registros de 15 cegos que registraram a cidade de São Paulo por meio de outros sentidos, mostrando como percebem a cidade em que vivem sem enxergar. No mesmo dia, às 19h, acontece um bate-papo sobre exposições acessíveis com a museóloga Carla Grião e João Kulcsár, curador da exposição.

O Museu do Futebol inaugura, no dia 15, às 11h, a visita educativa virtual “Muito Além do Futebol”, um vídeo com roteiro adaptado em Libras, que aborda os diferentes olhares do Museu e busca engajar o público surdo a participar cada vez mais do espaço. No mesmo dia, às 14h, acontece o “Sarau Poético”, com a proposta de ser um espaço literário de inclusão e diversidade e uma pausa divertida durante a visita à exposição.

A Pinacoteca, no dia 14, às 10h30, inicia a ação “JogaJunto”, em que disponibiliza jogos relacionados aos artigos da Declaração de Direitos Humanos. E no dia 15, às 14h30, acontece visita educativa na exposição “Arte no Brasil: uma história na Pinacoteca de São Paulo”. Não é necessário realizar inscrição.

No dia 15, às 15h, o Museu de Arte Sacra vai promover a caminhada “Lugares de memória: uma caminhada na região da Luz/Bom Retiro”, com o objetivo de mapear os museus e monumentos da região e os grupos e memórias representados no espaço, refletindo sobre a questão “Como podemos pensar os direitos humanos a partir desses lugares?”.

No dia 11, às 10h30, o Museu da Casa Brasileira vai realizar uma caminhada que irá do Museu até o Largo da Batata, onde será realizada uma ação com os frequentadores do Caps Itaim Bibi, com o intuito de mostrar as ações realizadas com o público.

INTERIOR

O Museu Felícia Leirner, em Campos do Jordão, realiza, ao longo do mês de dezembro, a ação “Comente a Declaração” em suas redes sociais, com postagens semanais de trechos selecionados da Declaração Universal dos Direitos Humanos acompanhados de uma pergunta que estimulará o público a manifestar suas opiniões sobre o tema. No dia 11, às 10h30, a oficina “Viva as Diferenças” estimulará a reflexão sobre a importância das diferenças na construção de um mundo plural e mais justo, tendo como base a Declaração Universal dos Direitos Humanos. No mesmo dia, às 15h30, os visitantes serão convidados a explorar o museu e abordar a questão “Cultura, Arte e Ciência são Direitos Humanos?”.

O Museu do Café, em Santos, apresenta o “Cine Debate”, no dia 11, às 15h, com exibição de filmes nacionais seguidos de rodas de conversas, focados nos Direitos Humanos. No dia 14, às 15h, a palestra “Convivendo com a Deficiência Visual” abordará conceitos e métodos de trabalho que contribuem para o desenvolvimento da acessibilidade em museus e centros culturais. No dia 15, às 10h, a oficina “Mulher e Trabalho”, com o artista plástico Paulo Von Poser, propõe a realização de uma homenagem às mulheres que trabalham na catação do café, abordando reflexões sobre Direitos Humanos, o cotidiano de trabalho dessas profissionais e paralelos sobre questões relativas à gênero e ao trabalho.

O Museu Casa de Portinari, em Brodowski, vai realizar, no dia 10, a atividade online “Você sabe o que são os Direitos Humanos?”, em que sete obras de Candido Portinari serão publicadas e o público será convidado a descobrir qual dos Direitos Humanos ela representa. No dia 11, às 9h, irá disponibilizar aos visitantes um dominó relacionado às obras de Candido Portinari e aos artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A partir do dia 11, o público terá também oportunidade de assistir ao vídeo “Declaração Universal dos Direitos Humanos Completa 70 anos”, da ONU Brasil. No dia 12, às 16h, o museu realiza a “Roda de Conversa: 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, com uma reflexão sobre o tema.  E no dia 14, a atividade “Conhecendo e Conversando” vai propor aos adolescentes um bate-papo sobre igualdade e o combate ao preconceito.

O Museu Índia Vanuíre, em Tupã, vai compartilhar, nas redes sociais, a partir do dia 10, diversos vídeos com depoimentos de pessoas expondo suas considerações sobre os Direitos Humanos. No dia 11, às 9h, realiza uma roda de conversa com a indígena Lidiane Damaceno para discutir a temática Direitos Humanos e o que ele representa, de que forma serve e como se aplica para os indígenas. No dia 12, às 9h, a palestra “Os Direitos da Mulher”, ministrada pela delegada da Mulher, Cristiane Camargo Braga, discute os direitos das mulheres. No dia 13, às 9h, a palestra “Preconceito Racial”, com André Blackrap, presidente da ONG Umont – União do Movimento Negro por Todos, ministrará uma palestra e – por meio de dinâmicas, exibição de vídeos e bate-papo com o público – vai promover a reflexão e estimular o combate ao racismo, preconceito e discriminação.

Museus do SISEM-SP entram na programação

Desde 2017, a campanha “Sonhar o Mundo” integra também os museus do interior e litoral integrantes do Sistema Estadual de Museus (SISEM-SP). As instituições foram orientadas por meio de um curso oferecido pelo SISEM-SP, em parceria com o Memorial da Resistência, sobre como inserir a questão dos Direitos Humanos no cotidiano dos museus, de modo a expandir o conceito do “Sonhar o Mundo” para vários municípios do estado.

 Na capital, o Museu de Arte Brasileira – MAB FAAP vai realizar o “Conversa e Bordado”; o Museu de Arte Contemporânea da USP vai propor visitação pelo acervo com o tema “Mulheres no Acervo do MAC” e um encontro com o tema “Uma possibilidade de sonharmos o amanhã”; e o Museu da Energia vai propor visita à exposição “Labirinto em Mim” e caminhada com o artista Marcello Vitorino e o poeta Ítalo Anderson Clarindo abordando a mostra.

No interior, o Museu de Antropologia do Vale do Paraíba vai promover a exposição “Indústria, Patrimônio e Memória”; o Museu Histórico e Pedagógico Major Novaes, em Cruzeiro, vai realizar debates, exibição do filme “O Menino e o Mundo”, mostra de curtas e exposição;  o Museu Worik, em Arco Íris, vai promover visitas culturais e palestras sobre a importância dos Direitos Humanos para os povos indígenas; também em Arco Íris, o Museu Akam Oram Krenak vai promover a palestra “Desconstrução do Índio Midiático”; e o MIS Ribeirão Preto vai realizar palestras com os temas “Declaração Universal dos Direitos Humanos e Constituição Federal”, “Juventude”, “Violência Contra Mulheres”, “Igualdade Racial”, “LGBT” e “Pessoas em situação de rua”; e o Museu Akam Oram Krenak


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Rosana Paulino ganha retrospectiva na Pinacoteca

A Pinacoteca de São Paulo apresenta, a partir de 8 de dezembro, a exposição Rosana Paulino: A Costura da Memória, que ocupa três salas do 1º andar da Pina Luz. Com curadoria de Valéria Piccoli e Pedro Nery, curadores do museu, trata-se da maior exposição individual da artista em uma grande instituição no país. Reconhecida pelo enfrentamento de questões sociais que despontam da posição da mulher negra na sociedade contemporânea, a artista apresenta mais de 140 obras produzidas ao longo de vinte e cinco anos. A mostra encerra o ano dedicado às artistas mulheres na Pinacoteca.

Ao revolver o início de sua história pessoal, Rosana Paulino observa que o problema da representação dos negros traduz-se na sua quase ausência nos mais variados aspectos da vida dos brasileiros e na história, sobretudo na história das artes visuais. A artista surge no cenário artístico nos anos 1990 e se distingue, desde o início de sua prática, como voz única de sua própria geração, ao abordar de forma afiada temas socais, étnicos e de gênero. Questões perturbadoras no contexto da sociedade brasileira.

A produção de Paulino tem abordado situações decorrentes do racismo e dos estigmas deixados pela escravidão que circundam a condição da mulher negra na sociedade brasileira, bem como os diversos tipos de violência sofridos por esta população. A artista se vale de técnicas diversas – instalações, gravuras, desenhos, esculturas, etc – e as coloca a serviço do questionamento da visão colonialista da história que subsidia a (falsa) noção de democracia racial brasileira. Esses fundamentos embasaram o conhecimento científico e biológico dos povos e da natureza dos trópicos, contaminaram as narrativas religiosas até atingir o foro doméstico, servindo como eixo para a legitimação da supressão identitária dos africanos e africanas no Brasil.

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ASSENTAMENTO det. CORAÇÃO

A exposição Rosana Paulino: A Costura da Memória reúne obras produzidas entre 1993 e 2018, como Bastidores (1997) e Parede da memória (1994-2015), decisivas do início de sua carreira. Estas remontam à sua narrativa pessoal e se apresentam como ponto de partida do percurso expositivo. Situadas na sala principal, a primeira traz, como no título, uma série de suportes para bordar com figuras de mulheres de sua família impressas em tecido cujos olhos, bocas e gargantas estão costurados, indicando o emudecimento imposto às mulheres negras, muitas vezes fruto da violência doméstica.

Parede da memória, que pertence à coleção da Pinacoteca, é composta de 1500 “patuás“ – pequenas peças usadas como amuletos de proteção por religiões de matriz africana – que traz onze retratos de família que se multiplicam, uma forma natural da artista investigar a própria identidade a partir de seus ancestrais. Antigas fotos de família são então transformadas em uma poética e poderosa denúncia sobre a invisibilidade dos negros e negras, que não são percebidos como indivíduos mas como um grupo de anônimos.

Na sala seguinte, estarão expostos vários conjuntos de desenhos, “um aspecto pouco abordado na obra de Rosana Paulino, mais conhecida pelas instalações e obras em gravura”, comenta a curadora Valéria Piccoli. Nesses desenhos, a artista revela sua fascinação pela ciência e, em especial, pela ideia da vida em eterna transformação. Os ciclos da vida de um inseto se aproximam nessas obras das mutações no corpo feminino, por exemplo. As séries de desenhos serão expostas junto da instalação Tecelãs (2003), composta de cerca de 100 peças em faiança, terracota, algodão e linha, que leva para o espaço tridimensional o tema da transformação da vida explorado nos desenhos.

A iconografia da natureza brasileira do século XIX – incluindo ilustrações científicas de plantas, animais e pessoas – também tem servido como fonte material para Paulino. Ao retrabalhar essas imagens, que circularam principalmente em livros de autoria de viajantes europeus, a artista investiga como a ciência, mas também a religião e as noções de progresso serviram como justificativa para a colonização, a escravidão e o racismo. Este interesse pode ser visto nas colagens feitas com impressões, gravuras e monotipias, A Geometria à brasileira chega ao paraíso tropical (2018) e Paraiso tropical (2017), que se encontram na terceira e última sala da exposição.

Junto a elas está a instalação Assentamento (2013), composta de figuras em tamanho real de uma escravizada retratada por Ausgust Sthal para a expedição Thayer, comandada pelo cientista Louis Agassiz. Essas imagens monumentais impressas em tecido, material predominante na prática mais recente de Paulino, são acompanhadas de vídeos e fardos de mãos. Os tecidos, suturados de forma grosseira, denunciam o trauma da escravidão e a necessidade de “refazimento”, como estratégia de sobrevivência, destes homens e mulheres que aqui aportaram. O título da obra, que encerra a exposição, traz um duplo sentido: é tanto a fundação de uma cultura, de uma identidade , quanto a energia mágica que mantém o terreiro, segundo as religiões de raiz africana. “É onde se encontra a força da casa, seu ´axé´, finaliza a artista.

“A figura que deveria ser uma representação da degeneração racial a que o país estava submetido, segundo as teorias racistas da época, passa a ser a figura de fundação de um país, da cultura brasileira. Essa inversão me interessa.”

Rosana Paulino

SOBRE ROSANA PAULINO

Nascida em São Paulo, em 1967, é Doutora em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – Eca/USP, é Especialista em Gravura pelo London Print Studio, de Londres e Bacharel em Gravura pela Eca/USP. Foi bolsista do programa da Fundação Ford nos anos de 2006 a 2008 e Capes, de 2008 a 2011. Em 2014 foi agraciada com a bolsa para residência no Bellagio Center, da Fundação Rockefeller, em Bellagio, Itália e em 2017 foi vencedora do dos Prêmio Bravo e ABCA – Associação Brasileira dos Críticos de Arte, na modalidade Arte contemporânea.    Possui obras em importantes museus tais como MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo; UNM – University of New Mexico Art Museum, New Mexico, USA e Museu Afro-Brasil – São Paulo. Tem participado ativamente de diversas exposições, tanto no Brasil como no exterior, das quais se destacam a individual Atlântico Vermelho, no Padrão dos Descobrimentos em Lisboa, Portugal (2017) Mulheres Negras – Obscure Beauté du Brésil. Espace Cultural Fort Grifoon à Besançon, França (2014); e participações nas exposições coletivas: South-South: Let me Begin Again. Goodman Gallery, Cidade do Cabo, África do Sul (2017); Territórios: Artistas Afrodescendentes no Acervo da Pinacoteca, Pinacoteca de São Paulo, SP (2015); Incorporations. Europália 2011, La Centrale Eletrique, Bruxelas, Bélgica; Roots and more: the journey of the spirits. Afrika Museum, Holanda (2009); IV Bienal do Mercosul, Rio Grande do Sul, RS; Côte à Côte – Art Contemporain du Brasil – Capcmusée d´Art Contemporain – Bordeaux, França.

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Oficina Cultural Oswald de Andrade recebe mostras de dança e teatro

Quem gosta de teatro e dança não pode perder os espetáculos gratuitos que serão sediados na Oficina Cultural Oswald de Andrade, nos meses de novembro e dezembro. A 5ª Mostra Experimental de Dança, realizada pelo Núcleo Luz, apresentará 16 trabalhos dos aprendizes, nos dias 30 de novembro, às 20h, e 1º de dezembro, às 18h. Já a Mostra de Teatro e Dança do Programa de Qualificação em Artes, que será entre 5 e 8 de dezembro, oferecerá 12 atividades para o público, entre elas oficinas e apresentações. Para assistir aos espetáculos basta retirar os ingressos com uma hora de antecedência e para participar das oficinas é só se inscrever conforme ordem de chegada.

A 5ª Mostra Experimental de Dança é fruto de investigações compositivas dos 20 aprendizes do Ciclo II – programa de formação em dança do Núcleo Luz –, que agora iniciam o protagonismo de suas trajetórias artísticas. Os 16 trabalhos, entre eles solos, duos e quartetos, têm diferentes temas; tratam de memórias, manifestos e inquietações dos jovens dançarinos, originando uma mostra de dança eclética, que contém múltiplos olhares, poéticas e sentidos.

Núcleo Luz – Okinosmóv – Foto: Amanda Louzada

Já a Mostra de Teatro e Dança do Programa de Qualificação em Artes tem como proposta apresentar um pouco da cena do interior de São Paulo, a partir das criações de grupos e artistas orientados pelo Programa de Qualificação em Artes. Os espetáculos tratam de abuso físico e psicológico, desigualdades, padrões sociais, crenças religiosas e até a percepção da realidade. As oficinas são focadas nos processos de criação, linguagem corporal, improvisação e reflexões artísticas. Os curadores Ismael Ivo e Sérgio Ferrara compuseram uma programação com diversidade de temas e linguagens, que foram produzidas ao longo dos processos de orientação artística deste ano, resultando numa Mostra potente e vibrante.

Entre os destaques da programação da Mostra de Teatro e Dança, estão a peça Esta propriedade está condenada, do Grupo Evoé de Teatro, de Juquiá; e o espetáculo Ostra, do Núcleo Experimental de Dança Teatro, de São José dos Campos. A peça, que será no dia 5 às 20h, trata da Grande Depressão de 1929: a quebra da Bolsa de Valores em Nova York arruinou a vida de famílias inteiras, que foram tomadas pelo abandono, abusos e exploração. Mas a jovem Willie, uma sobrevivente em meio ao caos, tem o coração cheio de sonhos. Já o espetáculo de dança, que será no dia 8 às 18h, é um diálogo entre poesia e teatro. Essa fusão artística causa um estranhamento e uma aproximação, como no mundo contemporâneo de identidades mescladas, mestiças e híbridas. A apresentação trata do corpo, do poético, da criação e das palavras.

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Em dezembro, Pina apresenta retrospectiva de Rosana Paulino

A Pinacoteca de São Paulo apresenta, de 8 de dezembro de 2018 até 4 de março de 2019, a exposição Rosana Paulino: A Costura da Memória, que ocupa três salas do 1º andar da Pina Luz. Com curadoria de Valéria Piccoli e Pedro Nery, curadores do museu, trata-se da maior exposição individual da artista em uma grande instituição no país. Reconhecida pelo enfrentamento de questões sociais que despontam da posição da mulher negra na sociedade contemporânea, a artista apresenta mais de 140 obras produzidas ao longo de vinte e cinco anos. A mostra encerra o ano dedicado às artistas mulheres na Pinacoteca.

Ao revolver o início de sua história pessoal, Rosana Paulino observa que o problema da representação dos negros traduz-se na sua quase ausência nos mais variados aspectos da vida dos brasileiros e na história, sobretudo na história das artes visuais. A artista surge no cenário artístico nos anos 1990 e se distingue, desde o início de sua prática, como voz única de sua própria geração, ao abordar de forma afiada temas socais, étnicos e de gênero. Questões perturbadoras no contexto da sociedade brasileira.

A produção de Paulino tem abordado situações decorrentes do racismo e dos estigmas deixados pela escravidão que circundam a condição da mulher negra na sociedade brasileira, bem como os diversos tipos de violência sofridos por esta população. A artista se vale de técnicas diversas – instalações, gravuras, desenhos, esculturas, etc – e as coloca a serviço do questionamento da visão colonialista da história que subsidia a (falsa) noção de democracia racial brasileira. Esses fundamentos embasaram o conhecimento científico e biológico dos povos e da natureza dos trópicos, contaminaram as narrativas religiosas até atingir o foro doméstico, servindo como eixo para a legitimação da supressão identitária dos africanos e africanas no Brasil.

A exposição Rosana Paulino: A Costura da Memória reúne obras produzidas entre 1993 e 2018, como Bastidores (1997) e Parede da memória (1994-2015), decisivas do início de sua carreira. Estas remontam à sua narrativa pessoal e se apresentam como ponto de partida do percurso expositivo. Situadas na sala principal, a primeira traz, como no título, uma série de suportes para bordar com figuras de mulheres de sua família impressas em tecido cujos olhos, bocas e gargantas estão costurados, indicando o emudecimento imposto às mulheres negras, muitas vezes fruto da violência doméstica.

Parede da memória, que pertence à coleção da Pinacoteca, é composta de 1500 “patuás“ – pequenas peças usadas como amuletos de proteção por religiões de matriz africana – que traz onze retratos de família que se multiplicam, uma forma natural da artista investigar a própria identidade a partir de seus ancestrais. Antigas fotos de família são então transformadas em uma poética e poderosa denúncia sobre a invisibilidade dos negros e negras, que não são percebidos como indivíduos mas como um grupo de anônimos.

Na sala seguinte, estarão expostos vários conjuntos de desenhos, “um aspecto pouco abordado na obra de Rosana Paulino, mais conhecida pelas instalações e obras em gravura”, comenta a curadora Valéria Piccoli. Nesses desenhos, a artista revela sua fascinação pela ciência e, em especial, pela ideia da vida em eterna transformação. Os ciclos da vida de um inseto se aproximam nessas obras das mutações no corpo feminino, por exemplo. As séries de desenhos serão expostas junto da instalação Tecelãs (2003), composta de cerca de 100 peças em faiança, terracota, algodão e linha, que leva para o espaço tridimensional o tema da transformação da vida explorado nos desenhos.

A iconografia da natureza brasileira do século XIX – incluindo ilustrações científicas de plantas, animais e pessoas – também tem servido como fonte material para Paulino. Ao retrabalhar essas imagens, que circularam principalmente em livros de autoria de viajantes europeus, a artista investiga como a ciência, mas também a religião e as noções de progresso serviram como justificativa para a colonização, a escravidão e o racismo. Este interesse pode ser visto nas colagens feitas com impressões, gravuras e monotipias, A Geometria à brasileira chega ao paraíso tropical (2018) e Paraiso tropical (2017), que se encontram na terceira e última sala da exposição.

Junto a elas está a instalação Assentamento (2013), composta de figuras em tamanho real de uma escravizada retratada por Ausgust Sthal para a expedição Thayer, comandada pelo cientista Louis Agassiz. Essas imagens monumentais impressas em tecido, material predominante na prática mais recente de Paulino, são acompanhadas de vídeos e fardos de mãos. Os tecidos, suturados de forma grosseira, denunciam o trauma da escravidão e a necessidade de “refazimento”, como estratégia de sobrevivência, destes homens e mulheres que aqui aportaram.

“A figura que deveria ser uma representação da degeneração racial a que o país estava submetido, segundo as teorias racistas da época, passa a ser a figura de fundação de um país, da cultura brasileira. Essa inversão me interessa”.

Rosana Paulino

O título da obra, que encerra a exposição, traz um duplo sentido: é tanto a fundação de uma cultura, de uma identidade , quanto a energia mágica que mantém o terreiro, segundo as religiões de raiz africana. “É onde se encontra a força da casa, seu ´axé´, finaliza a artista.

SOBRE ROSANA PAULINO

Nascida em São Paulo, em 1967, é Doutora em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – Eca/USP, é Especialista em Gravura pelo London Print Studio, de Londres e Bacharel em Gravura pela Eca/USP. Foi bolsista do programa da Fundação Ford nos anos de 2006 a 2008 e Capes, de 2008 a 2011. Em 2014 foi agraciada com a bolsa para residência no Bellagio Center, da Fundação Rockefeller, em Bellagio, Itália e em 2017 foi vencedora do dos Prêmio Bravo e ABCA – Associação Brasileira dos Críticos de Arte, na modalidade Arte contemporânea.    Possui obras em importantes museus tais como MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo; UNM – University of New Mexico Art Museum, New Mexico, USA e Museu Afro-Brasil – São Paulo. Tem participado ativamente de diversas exposições, tanto no Brasil como no exterior, das quais se destacam a individual Atlântico Vermelho, no Padrão dos Descobrimentos em Lisboa, Portugal (2017) Mulheres Negras – Obscure Beauté du Brésil. Espace Cultural Fort Grifoon à Besançon, França (2014); e participações nas exposições coletivas: South-South: Let me Begin Again. Goodman Gallery, Cidade do Cabo, África do Sul (2017); Territórios: Artistas Afrodescendentes no Acervo da Pinacoteca, Pinacoteca de São Paulo, SP (2015); Incorporations. Europália 2011, La Centrale Eletrique, Bruxelas, Bélgica; Roots and more: the journey of the spirits. Afrika Museum, Holanda (2009); IV Bienal do Mercosul, Rio Grande do Sul, RS; Côte à Côte – Art Contemporain du Brasil – Capcmusée d´Art Contemporain – Bordeaux, França.

Agenda e ingressos

Onde fica?

Visitação: de 8 de dezembro de 2018 até 4 de março de 2019

De quarta a segunda, das 10h às 17h30 – com permanência até as 18h


Ingressos: R$ 6,00 (entrada); R$ 3,00 (meia-entrada para estudantes com carteirinha). Menores de 10 anos e maiores de 60 são isentos de pagamento *. Aos sábados, a entrada da Pina é gratuita para todos.

* A partir do dia 2 de janeiro de 2019, o ingresso passará a custar R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada).

Oficina Cultural Alfredo Volpi promove espetáculos teatrais que unem arte e ativismo

A programação é gratuita e os trabalhos abordam temas como intolerância religiosa e consumismo

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Nova mostra da Pina Estação reflete sobre definições de arte moderna

Com curadoria de José Augusto Ribeiro, a Pinacoteca do Estado de São Paulo inaugura no dia 19/5 a exposição coletiva Mínimo, múltiplo, comum. A mostra, que ficará no segundo andar do edifício da Pina Estação, reúne mais de uma centena obras de seis artistas de gerações e círculos culturais diferentes: Amadeo Lorenzato (1900-1995), Chen Kong Fang (1931-2012), Eleonore Koch (1926), Marina Rheingantz (1983), Patricia Leite (1955) e Vânia Mignone (1967).

Obra de Vânia Mignone
Obra de Vânia Mignone
Obra de Vânia Mignone
Obra de Vânia Mignone
Obra de Patricia Leite
Obra de Patricia Leite
Obra de Patricia Leite
Obra de Patricia Leite

A exposição apresenta trabalhos caracterizados por figurações simples, planas e sintéticas, às vezes no limite da abstração. Essas imagens reproduzem, no geral, cenas de solidão – pelo isolamento de seres e objetos, ou pelos espaços vazios, sem presença humana. Realizados a partir de 1960, os trabalhos compreendem, juntos, quase sete décadas de produção pictórica no Brasil, desde a época em que ocorrem as primeiras mostras de Koch, Fang e Lorenzato, cujas produções foram confundidas com variações do “primitivismo”, até hoje, quando o circuito de arte contemporânea valoriza e acolhe sem mediações obras de artistas antes considerados “populares” e “ingênuos”.

“Muitas dessas obras continuam a ser tachadas de ‘ingênuas’, ou de ‘populares’, por conta de suas construções espaciais estiradas, paralelas ao plano bidimensional do suporte, sem uso da perspectiva; de suas figuras sumarizadas ao essencial da representação e muitas vezes assimétricas e das composições descentradas e com equilíbrios tensos. Estes aspectos descrevem qualidades fundamentais da pintura moderna, desde o final do século XIX, e estão presentes, de maneiras bastante diversas, em obras relevantes de artistas em atividade nos últimos 20 anos.”
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José Augusto Ribeiro
Curador da Pinacoteca do Estado

As obras que compõem a mostra pertencem a mais de 60 coleções públicas e particulares de São Paulo e Belo Horizonte. Dessas, sete estão sob a guarda da Pinacoteca: seis integram o acervo do museu (sendo quatro trabalhos de Lorenzato, uma série de pinturas sobre xilogravuras de Vânia Mignone e a inédita “Gruta”, de Patricia Leite, recém-incorporada à coleção, por meio de doação do Iguatemi São Paulo), além de uma pintura pertence à Coleção Nemirovsky, que desde 2006 está em empréstimo de longa duração para a instituição.

Os artistas que compõem Mínimo, múltiplo, comum estão representados aqui com cerca de 20 trabalhos cada, escolhidos com o objetivo de formar um panorama representativo e abrangente dessas trajetórias. Isso faz da exposição a primeira em uma instituição pública de São Paulo a apresentar um conjunto tão significativo de obras de Amadeo Lorenzato – um artista que, em vida, realizou exposições apenas em Belo Horizonte. Amadeo tinha entre seus admiradores o artista mineiro Amilcar de Castro e hoje está em alta no mercado artístico do Brasil. Na exposição, o público tem também a oportunidade de ver, pela primeira vez, grupos importantes de obras de Chen Kong Fang, produzidas a partir de 1994, e de Eleonore Koch, hoje com 92 anos de idade, produzidas a partir de 2009.

A mostra apresenta, ao mesmo tempo, trabalhos inéditos de artistas brasileiras em atividade e que têm chamado a atenção no circuito internacional, como Patricia Leite, que acabou de expor em Bruxelas, na Bélgica, e Marina Rheingantz, que está atualmente em cartaz com uma exposição individual em Nova York. Além disso, Mínimo, múltiplo, comum antecede a participação de Vânia Mignone na 33ª Bienal de São Paulo, que será inaugurada em setembro.

Visite

Museu Casa de Portinari tem atrações para toda família em maio

Fãs de arte, cultura brasileira e atividades em família têm em maio um motivo especial para visitar o Museu Casa de Portinari, da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. Localizado em Brodowski, terra natal do artista plástico, o espaço não apenas relembra a trajetória de Candido Portinari, mas oferece oportunidades incríveis aos visitantes, como oficinas, cursos, debates, palestras, entre outras experiências que agregam à carga cultural dos visitantes.

O programa Família Legal, por exemplo, será realizado nos dias 12, 13 , 19, 20, 26 e 27/5. A descontraída atividade leva os visitantes a mergulhar no lado familiar do artista, que tem a cara da cidade, como explica o assistente de acervo Matheus Cardozo Maia.


“Brodowski e Portinari são praticamente indissociáveis, são almas gêmeas. A cidade respira Portinari e acreditamos que a recíproca foi e é verdadeira. Isso se exemplifica nas cores utilizadas para os céus pintados pelo artista, o solo avermelhado, as expressões dos retratados e principalmente a temática escolhida pelo pintor, a qual, muitas vezes está diretamente relacionada com sua infância no povoado.”
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Matheus Cardozo Maia
Assistente de acervo do Museu Casa de Portinari

Quem se inspirar pela família, vida e obra do artista, pode dar umas pinceladas na prática, no Curso de Pintura, cujo intuito é exatamente descobrir novos talentos, sob orientação de Rafael Mandú. A atividade vai até 28/06.

Para quem já tem conhecimento um pouco mais aprofundado sobre arte e o próprio Portinari, o espaço cultural oferece uma Roda de Conversa no dia 16/5. Trata-se de uma nova realidade dos museus da Secretaria da Cultura de São Paulo, que tentam levar conteúdo de cada vez mais interação aos visitantes.

Já no Encontro Sobre “Hiperconexão com a Comunidade Local”, que acontece no dia 18/5, o museu se relaciona com a sociedade em todos os seus segmentos e usa diversos meios de comunicação para isso. Algo que Candido Portinari teria muito orgulho muito em ver, na visão da gerente do Museu, Cristiane Maria Patrice.

“Candido foi o maior artista plástico brasileiro do século XX, e fez de sua terra natal e do Brasil um profundo, completo e apaixonado registro e seu legado, constitui um dos mais importantes patrimônios culturais e históricos do país e do povo brasileiro”, afirma a gerente. “Nesse sentido, por meio da meio da vida e obra de Portinari e dos espaços locais de memória, também preservados pelo Museu Casa de Portinari, é possível conhecer melhor a sua terra natal, nos seus aspectos históricos, culturais, sociais e políticos, entre outros.”

Confira a programação

Curso de Pintura

Período: até 28/06/2018

No intuito de incentivar o fazer artístico e descobrir novos talentos a partir do domínio e desenvolvimento de técnicas de pintura, das proporções e cores, e dos exercícios de criatividade, o Museu Casa de Portinari realiza o Curso de Pintura, sob a orientação do artista plástico Rafael Mandú.

Local: Galpão do Merched (Rua Floriano Peixoto, nº 371 – Centro – Brodowski/SP)

Horário: das 9h00 às 10h30 e das 14h00 às 15h30

Público alvo: alunos 5º a 9º ano (pré-selecionados)

Entrada: gratuita

Roda de Conversa

Data: 16/05/2018

Os museus têm se adaptado cada vez mais ao novo cenário, aos novos públicos e às novas tecnologias no intuito de se comunicar de forma mais ampla com a sociedade contemporânea. Nesse sentido, o Museu Casa de Portinari realiza uma Roda de Conversa com a Museóloga e Diretora Executiva da ACAM Portinari, Angelica Fabbri, que abordará o assunto “Inovações Tecnológicas na Comunicação Museal”, e os recursos utilizados pelo museu em sua nova expografia.

Local: Museu Casa de Portinari (Praça Candido Portinari, nº 298 – Centro – Brodowski/SP)

Horário: 19h00

Informações: (16) 3664-4284

Entrada: gratuita

Palestra Sobre “Mídias Online”

Data: 17/05/2018

Os meios de comunicação têm se tornado cada vez mais fáceis e acessíveis, conectando pessoas das mais diversas formas, o tempo todo. Levar informação para pessoas em lugares remotos é hoje bem mais simples; com as mídias online o alcance desse público se torna possível. Para estimular que os colaboradores da instituição reflitam sobre o poder dessas ferramentas, o Museu realiza uma palestra sobre o uso das mídias online adotadas pela equipe de comunicação da instituição. A palestra será ministrada pela analista de comunicação da ACAM Portinari, Débora Fifolato, e a diretora de mídias sociais da Inova House, Andrea Salles.

Local: Museu Casa de Portinari (Praça Candido Portinari, nº 298 – Centro – Brodowski/SP)

Horário: 16h00

Informações: (16) 3664-4284

Entrada: gratuita

Público-alvo: restrito a colaboradores da instituição

Encontro Sobre “Hiperconexão com a Comunidade Local”

Data: 18/05/2018

O Museu se relaciona com a sociedade em todos os seus segmentos e usa de todos os meios de comunicação para isso, fortalecendo os laços entre os munícipes e a instituição. Para celebrar aproximar a comunidade brodowskiana e a instituição museal, e pensar em modelos de hiperconecções mais dinâmicos e contemporâneos, o museu convida seus parceiros angariados aos longo de seus 48 anos de existência para uma Roda de Conversa,  mediada por Clubes de Serviços, Associações de Bairros, Instituições Educacionais e Sociais entre outros.

Local: Museu Casa de Portinari (Praça Candido Portinari, nº 298 – Centro – Brodowski/SP)

Horário: 16h00

Informações: (16) 3664-4284

Entrada: gratuita

Visite

Oficina Cultural Alfredo Volpi aborda construção social e de gênero

A Oficina Cultural Alfredo Volpi recebe de abril a junho a intervenção artística Ocupação Descaracterizar-se. De autoria da artista Beatriz Cruz, a ideia é expor as impressões que captou usando, durante um ano, apenas roupas de outras pessoas.

“Estamos cada vez mais centrados na autoimagem e precisamos seguir determinados padrões para sermos aceitos na sociedade. Experimentar o processo de trocar de roupa, como se fosse uma identidade, é se ver sob outro aspecto e questionar gênero e construção social”, explica Beatriz Cruz.

A Ocupação vai ser dividida em quatro momentos, que serão experienciados sempre às terças e quartas-feiras. São eles: desmaterializar, destacar, desenhar e desmontar. A primeira parte do projeto vai de 10 a 18 de abril, quando será a montagem e disposição dos materiais de registro que Beatriz acumulou durante 365 dias. O segundo bloco, que vai de 24 de abril a 9 de maio, tem o intuito de conectar o público com esses materiais – textos, fotos, áudios, roupas –, para ajudar a artista na escolha dos itens que prevalecerão na última etapa do projeto. “Desenhar”, que vai de 15 a 30 de maio, será a fase que Beatriz irá avaliar tudo aquilo que foi selecionado pelos participantes e esboçar a exposição. No último período da Ocupação, de 12 a 27 de junho, a exposição finalmente será montada, com as impressões definitivas e materiais permanentes que o público e a artista escolheram.

A proposta da Ocupação surgiu a partir da experiência do projeto Descaracterizar-se para Desandar, que aconteceu em 2016. Beatriz vestiu as roupas de cada pessoa que participou da performance durante sete dias – não usando nada seu – até completarem 365 dias. Durante o projeto ela recolheu diariamente seus materiais, e também dos participantes, e registrou tudo o que conseguiu no perfil do instagram da performance. “Minha ideia inicial foi investigar a construção de gênero e entender o que significam as roupas e a aparência de cada um. É um trabalho que fala muito sobre construção e desconstrução da identidade e de alteridade. Quando você é uma mulher usando roupas masculinas, como as pessoas te olham? Percebi que ter que seguir uma performatividade que não é a sua é penoso demais”, conta a artista.

Fábricas de Cultura levam arte e cidadania para toda a cidade!

Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo

Com o intuito de promover a inclusão cultural por meio da educação e da arte, as Fábricas de Cultura realizam gratuitamente atividades que garantem a iniciação artística e a formação cultural para pessoas de várias áreas da capital de São Paulo. “Um dos valores de importância na troca cultural é o engajamento de pessoas no seu processo de formação social, na capacidade de troca, de descobertas, de se perceber enquanto indivíduo e sua relação no coletivo”, afirma Ênio Antunes, Orientador Artístico-Pedagógico e diretor artístico dos grupos do Projeto Musicando. No programa, o público encontra cursos regulares e atividades nas mais diversas modalidades – dança, teatro, música, circo, artes visuais, literatura – além de exibições e espetáculos. “As Fábricas oferecem cursos bons, difíceis de achar, e de graça”, comenta Guilherme Farias, 16 anos, aluno de uma das unidades. “Eu posso fazer as coisas que eu gosto e fazer novos amigos”, complementa Allysson Augusto, 14 anos, também aluno do Programa.

Em 2017, as Fábricas de Cultura receberam mais de 1,5 milhão de pessoas, alcançando um significativo recorde de 11% a mais do que no ano anterior. Neste mesmo ano houve também a formação cultural de mais de 542 mil alunos. Para fortalecer esse laço e o compromisso com as comunidades, a Secretaria da Cultura investiu mais de R$66 milhões em favor da iniciação artística e da educação cultural da população. “Esse alcance do Social é muito importante”, declara Jefferson Mendes, mais conhecido como DJ Smockey, educador do Ateliê DJ na unidade de Sapopemba. “Meu objetivo é conseguir direcionar o foco dos alunos para o sonho deles, para que não tenham contato com o mundo do crime. Tenho muito orgulho das minhas turmas”, conclui.

O programa possui 10 unidades que foram construídas entre os anos de 2011 e 2014, e estão espalhadas pelas regiões norte, sul e leste de São Paulo – Capão Redondo, Itaim Paulista, Jardim São Luiz, Parque Belém, Sapopemba, Vila Curuçá, Vila Nova Cachoeirinha, Cidade Tiradentes, Brasilândia e Jaçanã. As obras do 11º polo, localizado em Diadema, já foram entregues pelo Governador Geraldo Alckmin. “É a primeira Fábrica de Cultura fora de São Paulo. Um prédio com dois pavimentos, biblioteca, teatro, sala de música, circo, arte, produção e dança, além de refeitório, camarins e vestiários. Assinamos com o secretário José Luiz Penna e com o Romildo Campello, secretário-adjunto, que já vão providenciar o chamamento para escolhermos a Organização Social que vai equipar, gerir e colocar a unidade em funcionamento”, declarou o Governador na ocasião.