HomeNewslettersEntrevista com o novo secretário da Cultura do Estado, Romildo Campello

Entrevista com o novo secretário da Cultura do Estado, Romildo Campello

1) Durante a gestão de José Luiz Penna, falou-se muito na secretaria da Cultura “aberta para todos”. Como você pretende dar continuidade a essa diretriz?

A gestão ampliará uma política pública cultural diversificada e capilarizada, por meio da difusão, fomento, formação, salvaguarda e sustentabilidade das ações voltadas à valorização do diálogo com os municípios, da inovação e da descentralização da cultura, dos programas de formação musical (Projeto Guri e EMESP) e de formação cultural a distância, do ProAC Municípios e das ações de incentivo à economia criativa e aos projetos audiovisuais (Cine Câmara e Filma São Paulo).  

Romildo Campello, Secretário da Cultura do Estado

foto: Joca Duarte

2) Enquanto estava no cargo de Ouvidor Geral de Mogi das Cruzes, você recebeu o Prêmio Mário Covas por inovação em Gestão Municipal. Pretende trazer essa expertise na área de tecnologia para a cultura? De que forma?

Vamos investir na inovação para aproximar, ainda mais, a população da produção cultural do Estado com ferramentas gratuitas e  modernas, como um aplicativo para telefonia móvel e formação cultural a distância. Também vamos buscar a integração digital dos museus paulistas e a consolidação das informações geradas pelo poder público estadual e pela produção privada e independente por meio de um grande mapa cultural paulista, voltado para artistas e consumidores de cultura.  

3) Quais são as prioridades da sua gestão quando falamos de capilaridade? Muitas cidades do interior têm poucos equipamentos culturais, em muitas há somente biblioteca. Como fomentar a cultura em municípios com esse perfil e que não contam com uma secretaria ou diretoria dedicada à cultura?

Com diálogo permanente, ouvindo os representantes dos municípios e apoiando a produção cultural local. Ampliaremos também programas de incentivo, como o ProAC Municípios, com destinação de R$ 3 milhões aos municípios para o lançamento de editais que contemplem artistas locais. Investiremos em programas de apoio ao audiovisual como o Filma São Paulo, que possibilita a indicação das cidades paulistas para locação de cenários das mais diversas produções audiovisuais patrocinadas pelas Leis de Incentivo Paulistas e o Cine Câmara, que promove a distribuição gratuita da produção brasileira de cinema nas câmaras municipais, patrocinadas pelas  Leis de Incentivo Paulistas. Seguiremos realizando encontros com dirigentes municipais e também com projetos já consagrados, como a Virada Cultural Paulista, o Circuito Cultural Paulista, os Pontos de Cultura e atendimento técnico aos municípios.

4) Muitos equipamentos presentes na capital paulista, como a Sala São Paulo, Pinacoteca e Museu do Futebol, são referências para o resto do Brasil e até mesmo para o exterior, como é o caso da Biblioteca de São Paulo, que concorreu a um prêmio em Londres. A Secretaria procura reproduzir essas experiências em outros municípios? De que maneira?

Sim. Reproduzir as boas experiências é a finalidade do SisEB – Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de São Paulo. Ele integra as bibliotecas públicas municipais e comunitárias vinculadas existentes no Estado. Hoje, a rede é composta por mais de 800 unidades, incluindo a Biblioteca de São Paulo (BSP) e a Biblioteca Parque Villa-Lobos (BVL), que servem como laboratório do conceito Biblioteca Viva. O SisEB é coordenado pela Unidade de Difusão Cultural, Bibliotecas e Leitura (UDBL), da Secretaria da Cultura do Estado São Paulo, e tem a organização social de cultura SP Leituras como parceira em sua operação. O sistema tem como objetivo estimular e apoiar as bibliotecas de acesso público do Estado na democratização da informação, do livro e da leitura. O SisEB direciona suas ações para que todas as bibliotecas públicas sejam bibliotecas vivas, isto é, espaços de leitura e pontos de encontro de pessoas e de cultura, para formar cidadãos e estimular a relação com a comunidade do entorno por meio da leitura e do acesso à informação.

Como atividades principais, destacam-se:

5) Qual a importância do sistema de gestão por Organizações Sociais, adotado pela pasta há mais de dez anos? Quais são seus pontos fortes e o que pode ser melhorado?

O sistema de gestão por Organizações Sociais vem possibilitando, desde sua adoção, resultados bastante expressivos com relação à ampliação e descentralização do acesso a bens culturais de qualidade. Em pouco mais de 13 anos, mais de 60 milhões de pessoas foram atendidas diretamente em ações viabilizadas por meio da parceria Governo do Estado/Organizações Sociais.

Se em 2005 o conjunto dos museus sob administração da Secretaria teve um público de 820 mil pessoas, em 2017 foram mais de  2,7 milhões. Foi possível, por exemplo, o restauro da Pinacoteca e a criação de novas instituições museológicas, a exemplo do Museu da Língua Portuguesa e do Museu do Futebol. Este modelo permitiu que a Osesp passasse a figurar na lista das orquestras mais importantes do mundo, assim como a Sala São Paulo é hoje tida com uma das melhores salas de concerto.

Num ano em que a crise econômica nacional reduz a arrecadação e orçamento dos governos, a parceria com as Organizações Sociais nos permite realizar ações patrocinadas pela iniciativa privada – algo que a administração direta é impedida de fazer. O modelo deve seguir sendo aperfeiçoado, em constante aprimoramento, mas o acerto da escolha tem inspirado e vem sendo adotada em outras cidade e estados.  

6) Para finalizar, conte as novidades que vêm por aí para a Cultura do estado

Ampliação do diálogo com municípios com encontros regionais e programas de repasse de recursos, ferramentas de inovação para aproximar e dialogar com a população e os produtores culturais – pública e privada -, a volta dos Pontos de Cultura (com mais de 500 prêmios), festivais de circo e de teatro, programas de apoio ao audiovisual voltados aos municípios, produção de três óperas, veiculação de programa na TV Cultura destinado à divulgação da produção cultural do Estado, digitalização e integração do acervo museológico, realização do Revelando São Paulo na capital e edições regionais, além do apoio fundamental à formação musical de excelência (EMESP e Guri). 

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