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Conheça os vencedores do Prêmio SP de Literatura!

O Prêmio São Paulo de Literatura anunciou os melhores romancistas de 2017 em cerimônia realizada nesta segunda-feira, 5 de novembro, na Biblioteca Parque Villa-Lobos. Ana Paula Maia, de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, sagrou-se ganhadora na categoria Melhor Livro do Ano com a obra Assim na terra como embaixo da terra (Editora Record), enquanto Aline Bei, de São Paulo, venceu a categoria Estreantes -40 anos com O peso do pássaro morto (Editora Nós) e Cristina Judar, também de São Paulo, levou a Estreantes +40 anos com Oito do Sete (Editora Reformatório).

Realizado pelo Governo do Estado de São Paulo, o Prêmio São Paulo de Literatura é peça fundamental das políticas estaduais de incentivo à produção literária, sendo o maior do Brasil em premiação individual. Como ganhadora geral, Ana Paula Maia receberá R$ 200 mil, enquanto Aline Bei e Cristina Judar levam R$ 100 mil cada.

Esta edição do Prêmio contou com finalistas dos seguintes estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Amazonas. Ao todo, 157 livros entraram na competição: 98 livros na categoria principal, “melhor livro do ano”, 36 para “autor estreante – mais de 40 anos” e 23 para “autor estreante – menos de 40 anos”. A ênfase no romance é uma característica do Prêmio São Paulo de Literatura desde sua criação, em 2008, inspirado no britânico Man Booker Prize.

Justificativas do Júri

Melhor Livro do Ano de 2017: Ana Paula Maia, Assim na terra como embaixo da terra (Editora Record)

“O romance de Ana Paula Maia impacta o leitor logo de início. A começar pelo título que remete a uma das frases da conhecida oração Pai-nosso, mas a coloca em xeque ao substituir a ideia de céu pela morte. Esse deslocamento provoca uma sensação de inquietação, acentuada pela imagem da capa em que uma imensa cabeça de javali, não se sabe se morto ou vivo, ocupa praticamente todo o espaço, exceto pela presença do título e pelo nome da autora. Destaca-se também a densidade das personagens que, ao longo da narrativa, são apresentadas a partir de diferentes perspectivas, o que instiga o leitor a perceber a densidade de suas histórias, que não são apenas individuais, mas também de muitos outros homens que viveram e morreram na Colônia, cenário em que se passa toda a trama. Subordinados, oprimidos por dinâmicas institucionais que conhecem e compreendem apenas parcialmente, as personagens se movem numa realidade não apenas caótica, mas praticamente sem perspectivas de transformação. É nesse cenário que ora o narrador, ora os diálogos revelam pequenos e remotos vislumbres de desejo de liberdade que tornam suportável o cotidiano dos últimos prisioneiros e também de seus algozes. O livro propõe uma poderosa metáfora para muitas situações vividas no momento atual e, ao mesmo tempo, faz uma provocação para que se olhe de forma questionadora para o nosso passado enterrado em tantas “Colônias” esquecidas e invisíveis aos olhos da maioria de nós. Assim na terra como embaixo da terra é um romance que toca em temas extremamente importantes, raramente abordados com tanta maestria, sensibilidade e contundência. Por tudo isso, certamente proporcionará aos leitores uma potente experiência estética.”

Melhor Livro do Ano de 2017, autor estreante com idade até 40 anos: Aline Bei, O peso do pássaro morto (Editora Nós)

“Um romance forte com linguagem inventiva e poética. Aprecia-se da maneira sintética como a autora seleciona apenas os episódios mais marcantes da vida de uma mulher, da infância à maturidade, construindo a biografia da personagem com extrema coesão e organicidade. A escolha por romper os períodos como se fossem versos parece dar guarida ao lirismo da voz narrativa, alcançando, sim, momentos de impacto e beleza. Destaca-se também a pertinência do tema, essas muitas perdas na vida de uma mulher, tantas delas marcadas pela subjugação, a opressão, a violência. A autora aborda essa realidade com contundência, mas sem se render a qualquer proselitismo ou dogmatismo que escapem ao âmbito do literário.”

Melhor Livro do Ano de 2017, autor estreante com idade acima de 40 anos: Cristina Judar, Oito do sete (Editora Reformatório) 

“O romance é dividido em quatro blocos. Nos dois primeiros, temos vozes das duas protagonistas, Magda e Glória. O terceiro é narrado por Serafim, com seis asas, simbolizando o conflito que há nas relações entre Magda e Glória e entre elas e suas relações. O quarto bloco é narrado pela Roma. A linguagem tem um ritmo muito envolvente e inova muito quando articula ações com reflexões, com o uso diferenciado de tipos redondos e itálicos, ou quando articula os diálogos entre as personagens, às vezes, utilizando até mesmo a agilidades de versos curtos. Todas as relações entre pessoas, entre pessoas e espaços, entre pessoas e o tempo, são densas, sempre resultando em feridas, fragmentos, mágoas, enfim, estilhaços. O que fica em cada um dos três blocos narrativos iniciais são os estilhaços. E a narrativa da cidade, na sua estrutura, vai juntando esses estilhaços.”

Sobre o júri final

Responsável pela definição dos três vencedores, o júri final do Prêmio São Paulo de Literatura foi composto pelos seguintes profissionais do segmento literário: Jiro Takahashi, Mestre em Linguística, membro do Conselho Editorial das revistas Tradução & Comunicação, professor universitário, atualmente docente da Casa Educação e da Universidade Unibero/Kroton; Julián Fuks, escritor e crítico literário, autor de “A resistência”, romance ganhador dos prêmios Jabuti, Saramago e Anna Seghers, mestre em literatura hispano-americana e doutor em teoria literária pela USP; Moacir Amâncio, escritor, jornalista e professor, Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo, onde atualmente é professor de Literatura Hebraica; Neide Aparecida de Almeida, socióloga, mestre em Linguística Aplicada ao Ensino pela PUC-SP, docente, pesquisadora e consultora na área de leitura e literatura, especialmente as literaturas negras brasileiras e africanas, atualmente coordena o Núcleo de Educação do Museu Afro Brasil e compõe a equipe de consultores na área relações étnico-raciais do Programa de Direitos Humanos do IBEAC; e Ubiratan Brasil, formado em Jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP, atualmente é editor do Caderno 2, do jornal O Estado de São Paulo, com coberturas da Feira do Livro de Frankfurt, da Flip e da entrega do Oscar, entre outros.

Sobre o Prêmio São Paulo de Literatura 2017

Criado em 2008 pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura do Estado, o Prêmio São Paulo de Literatura é o maior do País em valor individual e tem como principais objetivos incentivar a produção literária de qualidade, apoiar e valorizar novos autores e editoras independentes, além de incentivar a leitura.

Desde que foi criado, o Prêmio teve participação de 2.041 livros e premiou 25 romances, contribuindo de forma decisiva para dar visibilidade não só às obras vencedoras, mas também aos trabalhos finalistas.

Finalistas

MELHOR LIVRO DE ROMANCE DO ANO 2017

Ana Paula Maia – Assim na terra como embaixo da terra (Record)

Carol Bensimon – O Clube dos jardineiros de fumaça (Cia das Letras)

Evandro Affonso Ferreira – Nunca houve tanto fim como agora (Record)

Heloisa Seixas – Agora e na hora (Cia das Letras)

Joca Reiners Terron – Noite dentro da noite (Cia das Letras)

Leonardo Brasiliense – Roupas sujas (Cia das Letras)

Marcelo Mirisola – Como se me fumasse (34)

Márcia Barbieri – O Enterro do lobo branco (Patuá)

Micheliny Verunschk – O Peso do coração de um homem (Patuá)

Milton Hatoum – A Noite da espera (Cia das Letras)

MELHOR LIVRO DO ANO DE ROMANCE – AUTOR ESTREANTE COM MAIS DE 40 ANOS

Carlos Eduardo Pereira – Enquanto os dentes (Todavia)

Cinthia Kriemler – Todos os abismos convidam para um mergulho (Patuá)

Cristiano Baldi – Correr com rinocerontes (Não Editora)

Cristina Judar – Oito do sete (Reformatório)

Jose Roberto Walker – Neve na manhã de São Paulo (Cia das Letras)

Leonor Cione – O Estigma de L. (Quelônio)

MELHOR LIVRO DO ANO DE ROMANCE – AUTOR ESTREANTE COM MENOS DE 40 ANOS 

Aline Bei – O Peso do pássaro morto (Nós)

José Almeida Júnior – Última hora (Record)

Mauro Paz – Entre lembrar e esquecer (Patuá)

Tiago Feijó – Diário da casa arruinada (Penalux)

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